Apagão nos olhos, clareza no coração.
- Elaize C. Ferreira
- 4 de nov. de 2016
- 3 min de leitura

Agora mesmo, estava lendo um livro da Martha Medeiros onde ela mencionou um acontecimento em que houvera um breve "apagão", e um rapaz comentou: "aos poucos a gente se acostuma e se enxerga". Bom, assim, como no livro ela ressaltou esse comentário, eu aqui deitada em minha cama, também fiquei refletindo sobre isso... É a pura verdade, nossos instintos aos poucos se acostumam... Assim como nesse contexto ele se acostumaria com a escuridão, em outros acontecimentos nossos instintos se adaptam. Eles são tão flexíveis. Mas, voltando à escuridão... Fiquei pensando seriamente sobre a ausência de luz, e foi por esse motivo que resolvi escrever. Nunca imaginei como seria viver sem a presença de luz, como seria viver em meio ao breu. Me pergunto; Será que nossos olhos iriam se acostumar com a escuridão e nos permitiria enxergar se adaptando à ausência da claridade? Ou será que nos tornaríamos dependentes de nossa imaginação e nos guiaríamos pelo coração? Hoje, ao entrar em um ambiente escuro eu me deixo levar pela imaginação, enxergo coisas que não estão à minha frente, me permito viajar em meio aos sons e através do tato tento descobrir qual objeto está ao meu alcance ou qual minha localização. De todo modo, não vendo a imagem real eu não posso julgar aquilo por sua aparência, ou seja, serei direcionada à permitir que meu coração faça o julgamento, sem que meus olhos atrapalhem. Veja bem, quantas vezes ao conversarmos com alguém - que não conhecemos - através do telefone, imaginamos como a pessoa é fisicamente? Quantas vezes imaginei loiras que na verdade eram morenas, ou gordinhos que na minha imaginação eram belos atletas? Inúmeras vezes deixei que minha imaginação se soltasse só com o som que seguia atrás da linha telefônica. Me iludia, que é uma beleza! Me apaixonava por aquelas vozes com uma intensidade... Mas aonde eu quero chegar com tudo isso? Simples, naquele velho ditado "não julgue um livro pela capa"! Porque é óbvio que sempre julgamos uma primeira impressão após nossos olhos definirem o que estamos vendo, e inconscientemente classificamos o que é bonito ou feio, o que parece ser agradável e o que automaticamente dispensamos como algo desagradável. Porém, infelizmente o poder de enxergar é o mesmo que nos permite julgar. É algo horrível e que nos trai. Trai à nós mesmos. Tenho certeza que nossa visão destrói muitas coisas, e que talvez se vivêssemos apenas com a audição e o tato, seriamos pessoas bem mais sensatas e de certo modo, bem menos vaidosas. Talvez até mais amorosas. Ou até mesmo, evitaríamos ser enganados.Afinal, a aparência, seja ela julgada à si mesmo ou ao próximo, é considerado um ato de vaidade. E a vaidade além de ser um dos sete pecados capitais, ainda é algo que nos prejudica cruel e cruamente. Calma, não estou dizendo que queria ser cega, agradeço à Deus por poder enxergar! Mas, admiro muito alguns cegos que tive o privilégio de conhecer. Não conheci nenhum que não fosse humilde, honesto, bondoso, com uma vontade de viver incrível e um coração inspirador. Apesar, que muitos cegos, só são denominados assim por não terem uma visão comum. Na verdade, eles enxergam muito além. E muitos de nós, que enxergam com os olhos, em suas visões perfeitas, na verdade são cegos em sua alma. Bom, dediquei esses minutinhos para expor esses pensamentos/sentimentos que tive de repente... Onde cheguei a conclusão de que todos nós deveríamos ter um momento de apagão nos olhos e clareza no coração.
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