Cobranças que no fim não te levam a nada

Sorridente e cheia de positividade, era assim que todos viam aquela garota dos cabelos negros que esvoaçavam por onde passava.

Cheia de brilho, cheia de luz, cheia de energia.

Cheia de planos, de desejos e anseios, de questionamentos, de frustrações.

Vivia se perguntando se estava no caminho certo.

Diziam que aos dezoito, ela já deveria estar na faculdade, empenhada em se tornar a melhor da profissão que escolheu. E nessa idade ela se perguntava o que afinal, ela deveria escolher? Medicina? Direito? Engenharia? Odonto? Qual dá mais dinheiro? Aos vinte, o diploma deveria estar a caminho, certo de sua carreira tão sonhada pelo resto do mundo; o relacionamento deveria ser estável e seu comportamento como sempre deveria se manter exemplar.

Aos vinte e cinco, diploma com certeza deve estar na mão, aliança no dedo e um saldo preparado na conta para o véu tão sonhado.

Chegando nos 28, com a vida realizada, com todos as exigências cumpridas, maaaaaas cadê o bebê à caminho? Aos 30 e nada ainda estável? Cadê o diploma? Cadê o anel? Cadê o papel? Cadê o bebê? A casa? O carro? A empresa? A sexualidade definida? A carreira muito bem sucedida? A fama das redes sociais? O cachorro com pedigree? O estoque de sapatos e livros? Cadê o que a sociedade exigiu?

Quem é você? Onde você se perdeu? Pois é... infelizmente isso ainda move o mundo, isso ainda trás insônia, isso ainda causa dor de cabeça e ainda pode levar ao suicídio.

Pare de cobrar os outros. Pare de se cobrar. Cada um tem seu tempo, suas escolhas, seus desejos. Cada um tem sua bagagem. Cada um tem seu caminho.